Uma mulher que, numa noite de luar, conduzia uma vaca, ao passar junto da represa, viu sobre esta uma moura
que se penteava com pente de ouro.
Disse-lhe a moura:
A tua vaca vai ter dois bezerros iguais; não uses o leite dela a não ser para os alimentares e, quando forem
adultos, vem apresentar-mos.
Nasceram efectivamente dois bezerros idênticos, brancos, e a mulher não deu outro destino ao leite da vaca que
não fosse o recomendado.
Porém, um dia, perante o rogo de uma vizinha que necessitava urgentemente de leite para acudir a um enfermo cedeu-lhe
parte do que tinha na vasilha. Logo reconheceu o erro cometido e, irritada, derramou o resto do leite da vasilha sobre um
dos bezerros, que, com grande espanto seu, viu, de imediato, coberto de malhas.
Quando os animais ficaram adultos, a mulher conduziu-os de noite até ao local da represa. Aí lhe apareceu a moura,
que ordenou que os levasse para dentro de água, ao que ofereceram alguma resistência.
Apareceu então uma canga sobre os bois, que começaram a puxar algo que estava soterrado nas areias depositadas
e que, ao emergir daquelas, se revelou surpreendente: uma enorme trave de ouro reluzente. Cedo se quebrou o encanto, o boi
malhado cedeu e ajoelhou logo, afundando-se a trave e desaparecendo a moura.
Ouviu-se então uma voz:- Carriba boi bragado, tiravas a trave de ouro se não te têm o leite roubado.