Nesta pagina tentarei fazer uma descrição da História de Grândola
Monumento em Honra de D. Jorge de Lencastre |

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A presença humana no território data de tempos remotos –
ao todo, são cerca de 40 as estações arqueológicas identificadas no concelho, abarcando quase todos os períodos da História,
desde o Neolítico ao período romano. Destacam-se as ruínas romanas da Península de Tróia e as da herdade do Pinheiro.
Integrada na Ordem Militar de Santiago, Grândola foi uma comenda
normalmente organizada, com uma população distribuída por vários núcleos, ocupando quase toda a extensão territorial. Embora
ainda não haja muitos dados sobre a população no que se refere à época medieval, sabe-se que, em 1492, a aldeia teria cerca
de 135 pessoas e a comenda, no seu conjunto, 810 habitantes, distribuídos por cerca de 180 fogos. O mais antigo selo de Grândola
conhecido apresenta como elemento principal uma cruz de Cristo, o que prova a importância que os cavaleiros professos naquela
ordem detinham no senado municipal. A sua dependência em relação a Alcácer do Sal levou a que os moradores pedissem a
D. João III a carta de foral de vila, que lhes foi concedida a 22 de Outubro de 1544. Com esta alteração de estatuto, e em
virtude de uma delimitação geográfica aquando da criação da comenda, o novo concelho passou a representar uma área territorial
que abrangia, além da freguesia de Grândola, as freguesias de Azinheira dos Bairros, S. Mamede do Sádão e Santa Margarida
da Serra.
No que se refere à sua organização político-administrativa,
Grândola dependia da comarca de Setúbal. Economicamente, a população dedicava-se à agricultura e à pecuária, sendo actividades
importantes a moagem, a produção do vinho, a olaria, a tecelagem e a caça.
Em 1679 fundou-se em Grândola um Celeiro Comum para fazer empréstimos
de trigo a lavradores pobres, passando a Celeiro Municipal aquando da implantação da República.
O séc. XIX, em Grândola, foi um século de progresso. Em 1890
beneficiou da elevação a comarca. Em finais do séc. XX, em virtude de uma nova reorganização administrativa territorial, passou
a integrar a freguesia de Melides, que abrangia os territórios de Melides, Carvalhal e Tróia. Economicamente, prevaleceu a
agricultura e, paralelamente, surgiram pequenas unidades transformadoras de cortiça. Entre 1864 e 1950, a evolução económica
e demográfica concelhia pautou-se por um crescimento, ainda que diferenciado. Até ao início do séc. XX o crescimento foi residual,
baseando-se essencialmente na proliferação de pequenas indústrias de transformação da cortiça, situadas na sua maioria na
vila de Grândola. Paralelamente, outras zonas do concelho registaram um desenvolvimento económico significativo; tal foi o
caso do surgimento da exploração mineira em Canal Caveira (1863) e Lousal (1900).
O início do séc. XX ficou ainda marcado pelo desenvolvimento
das vias de comunicação, destacando-se o aparecimento do comboio em 1926. Na década de 30, Grândola apresentou um novo impulso
de crescimento demográfico e económico, correspondente à campanha do trigo integrada na política ruralista e agrícola do Estado
Novo.
Foi neste contexto que surgiu a expressão "Celeiro de Portugal"para
classificar o Alentejo, enquanto terreno apto para a produção de cereais. Em conjunto, surgiu uma nova cultura, a do arroz,
que se desenvolveu sobretudo na zona do Carvalhal. Esta nova fase originou, na região alentejana, uma fixação populacional
de pessoas oriundas de várias partes do País. Até ao final da década de 40, a população de Grândola aumentou, atingindo nessa
altura o valor mais alto até hoje registado (21.375 habitantes, em 1950).
A partir de 1950 iniciou-se um processo de êxodo rural, sobretudo
em direcção à Península de Setúbal e a Lisboa, devido à profunda estagnação económica resultante da depressão na agricultura
e da ausência de industrialização. Apenas nos anos 70 se registou um restabelecimento do nível de vida e, com ele, o desenvolvimento
do sector terciário.
Com o surgimento do Poder Local Democrático, Grândola proveu-se,
ao longo dos anos 80 e 90, das infra-estruturas básicas e equipamentos. No final do séc. XX, o concelho possuía praticamente
todos os instrumentos de planeamento e ordenamento que o projectariam para um futuro de progresso e desenvolvimento sustentado.
Câmara Municípal |

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Evolução da população no Concelho de Grândola
População do
concelho de Grândola |
1492 |
1568 |
1801 |
1849 |
1900 |
1930 |
1960 |
1981 |
1991 |
2001 |
2004 |
810 |
1100 |
3463 |
2528 |
7539 |
13370 |
21060 |
16042 |
13767 |
14901 |
14454 |
Cronologia
1492 - Grândola tem 135 habitantes
na aldeia e um total de 810 habitantes na Comenda, distribuídos por cerca de 180 fogos
1513 – Visitação de D. Jorge
de Lencastre a Grândola
1544 - 22 de Outubro, D. João
III concede foral a Grândola, a pedido de D. Jorge de Lencastre
1568 – 12 de Junho, é decidido
pelos regentes de Grândola, nos Paços do Concelho, que serão colocadas bandeiras brancas em cada entrada uma das 3 principais
entradas de Grândola, para verificação pelo guarda da saúde da origem dos viajantes, para que a peste não chegasse a Grândola
1568 – 23 de Julho é fundada
a Santa casa da Misericórdia de Grândola, que tem como primeiro Prior o Srº António Barradas
1569 – Peste Negra aflige
o País, Grândola escapa á Peste
1603 – Foi finalizado o
hospital da misericórdia
1679 – Fundou-se o celeiro
comum
1700 –
Foi construída a capela de Nossa Senhora da Penha de França
1727- Foi construído
o hospício de N. Senhora dos Anjos, que albergava os Frades Agostinhos descalços
1863 – Inicio da exploração
mineira nas minas de Canal Caveira
1878 – É construído o chafariz
da Apaulinha
1890 – Grândola é elevada
a comarca
1900 - Inicio da exploração mineira
nas minas do Lousal
1926 – Chegada do Caminho-de-ferro
Grândola, vindo de Alvalade
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